domingo, 6 de fevereiro de 2011

Raridade


Juro que não queria mais ter tantas e certeiras intuições, já que não tenho conseguido me surpreender com muita coisa ultimamente nem mesmo com as pessoas que insistem em carregar sempre infinidades de surpresas inacreditáveis por debaixo das mangas e dentro de todos os bolsos e meias. Até as mentiras mais arquitetadas que tentam me convencer todos os dias, me parecem tão corriqueiras e conhecidas, que nem surtem mais os efeitos desastrosos ou tristes de antes, não me causando nenhum modo de espanto tampouco desejos de revide, apenas reforçando o que inconscientemente esperava, o que pressentia. É como se vivesse constantemente em um primeiro de abril cheio de pura monotonia. Talvez, eu tenha vivido demais neste pouco tempo, tenha aprendido a caminhar firme demais e a ler, com tamanha precisão, variadas formas de olhares, que para mim se desnudam sem se darem conta a todo momento. Talvez, eu tenha perdido o sentido real do que seja verdade, se por todos os lados, convivo e me esquivo da frieza desleal da falsidade, da futilidade endeusada pela sociedade, que creio eu, substituiu terminantemente o que chamavam por aí de felicidade, se ofereço gratuitamente, de mãos limpas e abertas, minha sem graça, mas minha realidade, já tão trincada e castigada pelas vontades invejosas da maldade, que não se afasta, almejando possuir e se desfazer, de uma vez por todas, do que agora é raridade. Juro que queria deixar-me enganar às vezes e poder voltar a voar entre a direção incerta dos ventos, desprovido de horários, bússolas, tormentas e quedas previsíveis. Deixar de ser o tão difícil e estranho. Sentir-me comum, normal neste mundo insano.      

4 comentários:

  1. Amore...
    Taí seu desafio. Achar graça e encantamento no que te parece previsivel.

    "ofereço gratuitamente, de mãos limpas e abertas, minha sem graça, mas minha realidade". Este trecho ficou maravilhoso.

    Beijo.
    Otimo domingo

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  2. Adorei este seu texto! Você realmente tem uma forma de se expressar muito característica! beijo e um resto de bom fim de semana! :D

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  3. Oi Junior, tudo bem?
    Muito bom o texto, é Junior acredito que a vida acaba nos deixando marcas e tirando a nossa capaciddae d crer destemidamente, com o passar dos dias nos deixa mais céticos. Mas precisamos ter força pra crer novamente, é uma eterna renovação. Beijos e bom domingo p vc :*

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  4. Junior

    Esse seu texto é de uma "raridade" incrível!

    Quando nos sentimos assim... é a necessidade de exercitar nossa liberdade inerente... porém aprisionada nas correntes da sociedade, que tenta fazer de todos nós bonecos iguais, conforme os padrões de sei lá quem.

    Tudo é tão mais belo e simples... lamentável o ser humano ainda estar tão longe de viver sua existência plenamente.

    Ainda bem que nós possuímos um "sentir" vermelho não é mesmo?!

    Linda semana
    Beijo
    Com carinho
    Sil

    Grata pela visita na minha estrada vermelha.

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