quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A praia


E lá se vai mais um verão sem aqueles dias quentes de sol e de vida, dias quentes de nós. Pode ser que já nem te lembres mais da imensidão transparente e imutável deste céu, tampouco, do azul estonteante do mar, do tempo que fazia questão de passar tão sossegado, só para te trazer, com confiança, mais para perto de mim, daqueles abraços sempre inacabados pela vontade de continuar, terminantemente, ali, e dos tantos detalhes que, apesar de nosso entardecer, eu sei que ainda passeiam e, de vez em quando, podem se reviver em outras histórias por aqui. Lembro-me bem dos olhos, dos teus, que mirava como se os visse pela primeira ou pela última vez, de uma forma sólida que não desaparecessem através do desgaste dos anos de minha memória, que nunca precisaram usar de palavras para transmitir o que, de verdade, queriam e a hora e a maneira escolhida como me queriam, desprovidos de conceitos dogmáticos de reputação ou pudor.
Éramos serenos, claros, livres, quem sabe, por não esperarmos demais da vida, por escondermos, descaradamente, do medo e de toda a extensão da lista de seus desencorajadores preceitos. Realmente, chegamos ao ponto de nos completar, de nos compensar, de não nos vermos distantes nenhum momento, como se dividíssemos a base do mesmo universo. Até nossos pensamentos se comunicavam, se adivinhavam, traçando semelhantes caminhos, de um jeito tão raro que, facilmente, não se perderiam, como se o mundo fosse capaz de girar sobre as palmas inocentes de nossas próprias mãos.
Nem sei dizer se é saudade, pois lembrar, todavia, me alivia, inspira certo teor de calma, de experiência, não me agoniando desesperadamente por uma chance de se repetir, de ganhar, completamente, nossas iludidas expectativas, talvez, por eu não ser aquele, em que os sonhos chegavam, constantemente, como encomendas, porque já saiba que, nem se tentasse, não conseguiria. Mas digo, é inegável que sinto falta do inesgotável companheirismo, dos risos sinceros e sem justa causa, da forma pura de se sentir amado.
E para onde será que os ventos levaram todas as promessas de que estaríamos juntos e intactos em qualquer estação, em qualquer praia? Devem que se desmancharam pelos ares, assim, como as ondas, nossas pegadas, intenções e nomes, desta areia, definitivamente, apagaram.   



************


Oba!Mais selos!

Recebi estes selos da minha amiga Pri, do inspirador e tão cativante blog Never Say Never Love. Mais uma vez, obrigado pelo carinho!








Os indico aos blogs amigos, de alguma forma, sempre presentes!


19 comentários:

  1. Oi, Junior, tudo bem?
    Primeiramente devo te dar os parabéns pelo primeiro lugar no concurso. Muito merecido.
    Sobre esse texto, me fez questionar uma coisa: por que será que os ventos sempre têm algo para levar da gente sabendo que precisamos que eles nos tragam aquilo que mais desejamos? Seria a natureza uma espécie de tortura para quem espera?
    Abraço.

    ResponderExcluir
  2. Eu não tenho palavras para expressar a beleza que atribuiu a este texto! Está absolutamente lindo! Nem sei se lindo é a palavra mais "forte" para descrevê-lo!
    "Éramos serenos, claros, livres, quem sabe, por não esperarmos demais da vida, por escondermos, descaradamente, do medo e de toda a extensão da lista de seus desencorajadores preceitos.". Absolutamente fantástico! Eu adorei! beijo e muitos, muitos parabéns! A sua escrita é fabulosa!

    ResponderExcluir
  3. "De que adianta fazer promessas se não vai cumprí las, é mais válido seu silêncio."
    ( Desconhecido )
    Vendo teu texto lembrei dessa frase.
    Abraços Junior e ótima Quarta!

    ResponderExcluir
  4. Olá! Muito obrigada! Postá-los-ei assim que tiver espaço suficiente! Agora com a edição da pseudo-história, é-me um pouco impossível! Mas guardá-los-ei no meu computador e assim que acabe, posto-os logo! Mais uma vez muito obrigada pelos seus comentários e pelos selos! beijo grande! :*

    ResponderExcluir
  5. Passando para agradecer os selos e a visita.
    Quanto ao texto: maravilhoso. Como todos os outros. Você escreve demais, Junior.
    Abraço.

    ResponderExcluir
  6. Como sempre texto perfeito.
    Você tem mesmo o dom da palavra e um coração sensivel.
    Obrigado pela indicação.
    Logo farei uma postagem com todos os selos.

    ResponderExcluir
  7. Primeiro eu gostaria de lhe parabenizar pelo primeiro lugar no concurso. O texto é ótimo.

    Segundo, lhe agradecer imensamente pelo selo. Obrigado mesmo.

    Terceiro, lhe parabenizar por mais um texto. Lindo, como sempre@!

    Abraço

    ResponderExcluir
  8. ' Olha, você está de parabéns, Júnior. Muito lindo isso aqui, claro qe eu te sigo e muito obrigada por me seguir também. Grande abraço.

    ResponderExcluir
  9. Muito obrigada Júnior mas não se comparam nada aos teus maravilhosos textos e queria dizer que adorei este, está mesmo lindo, a sério! Obrigada. (:
    Beijinho*

    ResponderExcluir
  10. Oi Junior!

    Passando para dizer que volto mais tarde! Sem tempo de ler vc... vim dizer que não o esqueci... jamais esqueceria!

    Volto e leio tudo que perdi!E levo meus presentinhos! rs

    Beijo
    Sil

    ResponderExcluir
  11. Junior, primeiramente quero parabenizá-lo pelos selos e segundo, agradecer por compartilhar eles com o Humor!
    Abraços e Ótima Semana!

    ResponderExcluir
  12. Oi, Junior, tudo bem?
    Vim te agradecer pelos selos, muito obrigado mesmo por se lembrar do "Reflexões". Os postarei em breve por lá. Obrigado pelo seus comentários também, gosto muito de ler o que escreve.
    Abraço.

    ResponderExcluir
  13. Meu querido amigo, que belíssimo texto poético!
    Adorei! Vc escreve lindamente! :)

    E muito obrigada por mais esses selinhos lindos que vc me presenteia. :) Vou levá-los com muito carinho.

    Beijos

    ResponderExcluir
  14. Júnior Querido!

    Suas linhas são estradas "vermelhas" que se abrem dentro de mim! Me arrebatem como ondas de um mar que eu nunca vi... Mas que parece viver em mim!

    É inexplicável o que eu sinto quando leio vc! É como ter as emoções de dias tristes, recompensadas em suas palavras! Escreves de forma a me convencer que amar pode ser cruel... mas ainda assim, lindo e necessário!

    Me faz questionar... (não que eu tenha o direto de saber!) de onde nascem suas inspirações tão belas e docemente reais!

    Hoje... te deixo um beijo mais que doce!
    Feliz de estar aqui!

    Sil
    Sempre

    ResponderExcluir
  15. Passei para conhecer seu espaço, e me encantei com a sensibilidade latente das suas palavras escritas, desnudar a alma é algo tão dificil, e você escrevendo faz parecer facil, sucesso e parabéns pelo talento.

    ResponderExcluir
  16. Olá Júnior.
    Já estava aqui na sua página para lhe informar dos selos. Poxa, eu li esse texto seu voltando de BH pra Uberlândia... Viajei nas suas palavras literalmente. Quanta sensibilidade.
    Os selos são de coração.
    AMo seu blog, amo passar por aqui.
    Me tornei fã do seu espaço.

    Grande beijo.

    ResponderExcluir
  17. Júnior,
    Você tem uma sensibilidade enorme, você deve ser uma pessoa linda, com um coração lindo.
    No final desse texto veio um pedaço de uma música de Chico na minha cabeça:
    "Pra onde vai o meu amor. Quando o amor acaba?"
    Um beijo grande..

    ResponderExcluir
  18. Uau! mais uma vez deparo-me com um texto bem escrito, alicessado na sensibilidade.

    Obrigado pelo selo, o TERZA RIMA agradece!

    ResponderExcluir
  19. Mais um texto lindíssimo
    Gostei muito
    e Parabéns pelos selinhos!

    Bjuu

    ResponderExcluir

Muito obrigado por deixar seu comentário aqui!Você está dando vida a este blog!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...